Apesar de ser um evento central na vida de qualquer mulher, aquilo que lhes dá identidade, a relação das próprias mulheres com seu sangrar é, no mínimo, ambivalente. Apesar da educação sexual fornecida nas escolas – basicamente de cunho biológico – é surpreendente quão pouco as mulheres sabem a respeito deste evento central em suas vidas. E quanta ansiedade provoca nas meninas, por lhes faltar uma comunidade de mulheres que lhes possa transmitir o significado e a importância do sangrar mensal, acolhê-las neste espaço vivencial de modo significativo. Se não o fazem, é porque esta comunidade deixou de ter uma existência real valorizada no seio da nossa sociedade. Isoladas em seu viver sanguíneo, as mulheres não têm o que passar para suas filhas.

A potencialidade do corpo feminino como menstruante e parturiente desde sempre despertou assombro e temor. Através da menstruação, a mulher se conecta diretamente com o poder da vida, um poder que brota de uma experiência vivencial profunda e orgânica, este poder que é partilhado e mutante, que é temporário e cíclico. Que não teme a morte, porque sempre renova a vida.

Um evento fundamental para a própria vida, a relação dos humanos com o sangue mensal das mulheres foi se transformando ao longo do tempo, ao sabor das conveniências de cada época, até que a benção do sangue sagrado se tornasse uma maldição. Usurpado, suprimido, desvalorizado, atualmente ele é visto como algo dispensável, possibilidade criada pelo desenvolvimento de modernas tecnologias científicas. Contudo, por sua própria natureza, este poder resistiu. Ocultou-se algumas vezes, transformou-se outras tantas. Mas resistiu. E resistiu porque é algo primordial, fundamental: a própria fonte da vida.

“Este livro é mágico para mim. Parabéns por este trabalho maravilhoso, indico para todas as amigas e conto que não fui eu que encontrei o livro e sim ele, pois no sistema da livraria dizia que não tinha o livro e ele apareceu na prateleira que eu estava olhando, viu, é super mágico. Quando comprei, li do início ao fim em menos de quatro dias, não tinha entendido nada, aí voltei a ler e então, sim, começou a fazer sentido.” Daiana Gonçalves – Araçatuba/SP